O que é a Dívida Ecológica?

A dívida ecológica é a dívida acumulada pelos países do Norte em relação aos países do Sul por duas razões: em primeiro, pelas exportações de matéria –primas a preços muito baixos dos países originários para os países altamente industrializados, preços que não incluem os danos ambientais produzidos pela extracção e processamento, nem pela contaminação que tais explorações provocaram ( e continuam a provocar); em segundo, pela ocupação gratuita e barata do espaço ambiental ( a atmosfera, a água e a terra) resultante dos depósitos dos resíduos produzidos pelos países do Norte.

A dívida ecológica começa com o colonialismo e ainda prossegue sob as mais diversas formas. O conceito de dívida ecológica baseia-se na ideia de justiça ambiental: se todos os habitantes do planeta têm direito à mesma quantidade de recursos e à mesma porção de espaço ambiental, os que usam mais recursos ou ocupam mais espaço têm uma dívida em relação ao demais.

Autora do texto: Daniela Russi, da ODG – Observatório da Dívida na Globalização – http://www.debtwatch.org

Texto retirado da revista «Ecologista» nº 42, Invierno 2004/2005, editada pelos Ecologistas en Acción

Tradução para português de Pimenta Negra

 

Biopirataria

Outra parcela da Dívida Ecológica resulta da apropriação intelectual e da utilização do conhecimento ancestral relacionado com as sementes, o uso de plantas medicinais e outros conhecimentos sobre os quais se baseiam a biotecnologia e a indústria agrícola moderna. É o que se chama a biopirataria.

As características das distintas espécies de plantas e animais domésticos são o produto de uma história milenar de interacção entre elas, com o meio físico e com os seres humanos. As comunidades seleccionaram durante milhares de anos espécies para usá-las como alimento e para efeitos medicianis, e graças a essa interacção modificaram as caracterísitcas das espécies naturais, criando variedades diferentes com propriedades que só alguns grupos de pessoas conhecem. Este conhecimento é precioso para as empresas farmacêuticas, as empresas biotecnológicas e agrícolas, que os utilizam para obter enormes lucros, apesar de nada pagarem às populações locais que lhes propiciaram esses conhecimentos, e que são os verdadeiros proprietários desses conhecimentos.

Um exemplo de bipirataria produziu-se com a Nem – e que foi denunciado pela eco-feminista indiana Vandana Shiva. Esta árvore é usada há milhares de anos na Índia para obter produtos agroalimentares, farmacêuticos e cosméticos. Mas os produtos da Nem e o conhecimento sobre muitas das suas propriedades foram patenteados por certos investigadores e por algumas multinacionais dos países do Norte que obtiveram com isso enormes lucros que, no entanto, não aproveitam às populações indianas.

Dívida do Carbono

Os cientistas estão de acordo sobre o facto de que a acumulação dos gases gerados pelos uso dos combustíveis fósseis provocam um aquecimento do planeta, com consequências potencialmente desastrosas, como a subida do nível do mar, o derretimento dos glaciares, o aumento das áreas desérticas, a diminuição dos rendimentos agrícolas, a extinção das espécies animais e vegetais e o incremento de fenómenos meteorológicos violentos.

Estes efeitos recaem sobre todos os habitantes doplaneta. Mas os países do Sul são os mais afectados: em primeiro, porque são as regiões mais sujeitas a furacões, inundações e à desertificação; em segundo, porque os países pobres dispõem de menos recursos para se defenderes; e em terceiros, porque têm uma economia que se baseia em larga medida no sector primário, que será sempre o mais prejudicado.

Por outro lado, as causas do efeito estifa encontram-se principalmente no grande consumo dos combustíveis fósseis por parte dos países ricos. Por consequência, os países do Norte, cujo desenvolvimento económico e bem estar se baseia no uso intensivo das fontes energéticas responsáveis pela emissão de gazes com efeito de estufa, são devedores em relação aos países do Sul. Essa parte da dívida chama-se Dívida do Carbono.

O cálculo da dívida ecológica está sujeita a várias abordagens. Em 1º lugar porque não não consenso entre os cientistas acerca da quantidade de gazes de efeito estufa antropogénicos que seja aceitável, pela complexidade dos fenómenos atmosféricos envolvidos. Não se sabe em quanto será o aumento da temperatura terrestre em consequência do aumento da concentração dos gazes com efeito de estufa. Em 2º lugar o aumento da temperatura sobre a terra terá consequências muito imprevisíveis uma vez que as inter relações entre os diversos componentes dos ecossistemas podem amplificar os efeitos. Por último, como ainda não existe um mercado de carbono há que usar um preço fictício para estimar o valor monetário da Dívida do Carbono, valor que é pois discutível.

De qualquer forma têm sido feitos esforços para calcular a Dívida do Crabono, o que é útil para se ter uma ideia, ainda que aproximada, do seu montante e para se poder compará-la com o montante da dívida externa. Por exemplo, John Dillon, coordenador da Coligação Ecuménica para a Justiça Económica (ECEJ), em «Ecological Debt: South Tells North Time topay up», parte das recomendações do Grupo Intergovernamental sobre a Mudança Climática, que afirma que as emissões dos gazes com efeito de estufa terão de ser reduzidos em 60% em relação ao nível de 1990. Isto quer dizer que as emissões não poderão superar os 2,8 biliões de toneladas anuais de CO2 ( 0,4 toneladas per capita) e os países industrializados, que representam 20% da população mundial, terão direito a emitir apenas 0,56 biliões de toneladas. Ora como hoje emitem 3,5 biliões, a sua Dívida de carbono será a diferença entre esses dois números, isto é, 2,94 biliões de toneladas.

O valor sa Dívida de Carbono obtêm-se multiplicando esse número pelo preço de uma tonelada de CO2. Como ainda não existe ainda um mercado – e, além disso, o preço por tonelada de CO2, nos países que assinaram o Protocolo de Kioto dependerá da procura, e que depende da redução necessária – é necessário, por enquanto, fazer uma estimativa desse preço. A ECEJ utiliza 3 preços: 10 dólares por tonelada ( umpreço sugerido por alguns meios durante as negociações de Kioto), 12,5 dólares ( quantidade que o governo inglês supostamente pedirá para a quantidade de emissões que conseguirá reduzir, para além do objectivo a que se tinha proposto dos 8%), e 20 dólares ( o preço que o governo da Costa Rica, num projecto piloto de venda de bonos de aborção obtidos mediante a plantação de árvores). Usando esses preços, a Dívida do Carbono dos países do G7 é, respectivamente, de 15,5 , 19,3 , ou 30,9 biliões de dólares. Para se ter uma ideia da magnitude destas quantias, basta dizer que a dívida externa dos países pobres em 2001 somava a quantia de 2,3 biliões de dólares, segundo o Banco Mundia. Da comparação parece evidente que os países do Sul já pagaram há muito a sua dívida externa…

Pode-se ainda dizer que a lógica do conceito da Dívida Ecológica é diferente da que está na base do protocolo de Kioto. De facto, este Protocolo atribui quotas de redução das emissões partindo do nível das emissões de 1990: quem mais contaminasse em 1990 terá mais direito a contaminar no futuro. Pelo contrário, o conceito da Dívida ecológica implica que todos os habitantes da Terra tenham o direito à mesma quantidade de emissões, independentemente do local onde tenham nascido, assim como se segue a regra de que quem mais contamina é maior devedor em relação à humanidade.

Passivos Ambientais

O termo passivo deriva da linguagem económica. Na contabilidade de uma empresa o passivo é o conjunto de dívidas e ónus que reduzem o activo. Usado em termos ambientais, o termo refere-se ao conjunto de danos ambientais não compensados que as empresas transferem para a colectividade devido a incidentes ou devido ao seu normal funcionamento.

Quando uma empresa causa um dano à colectividade, a responsabilidade moral é clara, mas a sua responsabilidade jurídica depende do sistema legislativo.Frequentemente o contexto permissivo dos países do Sul levam as empresas a não considerar como custos – ou então, considerá-los como muito baixos – os danos ambientais que produzem, para alem de não se verem incentivadas a reduzi-los. Por isso é urgente a criação de uma legislação internacional sobre responsabilidade ambiental. A responsabilização constituiria um forte incentivo à redução dos danos ambientais, pois originaria uma internalização dos custos e dos riscos ambientais que provocarem, para além de ter como consequência a aceitação do princípio de que os recursos ambientais não são bens livres e gratuitos, mas têm um custo.

Tráfico de Resíduos

O sistema industrial produz uma grande quantidade de resíduos, com diferentes graus de toxicidade. Tratar desses resíduos torna-se dispendioso, e tais custos variam conforme as exigências normativas do países. Por essa razão, as empresas dos países do Norte acham rentável exportar tais resíduos tóxicos para os países onde a legislação ambiental é menos severa e, graças a essa menor severidade, desfazer-se desses resíduos.

Um exemplo é o transporte de resíduos eléctricos e electrónicos. Nos últimos anos, cerca de 80% dos aparelhos eléctricos e electrónicos recolhidos nos Estados Unidos para serem reciclados foram exportados para China, Índia e Paquistão, onde são tratdos sob condições altamente prejudiciais para a saúde humana através da incineração ao ar livre, criação de piscinas de ácidos, despejos incontrolados nas áreas rurais… Segundo um estudo da Agência de Protecção Ambiental norte-americana é 10 vezes mais económicos enviar um monitor para a Ásia do que ser reciclado nos Estados Unidos.

Quantificar a Dívida Ecológica?

Não se pode dar um valor monetário à Dívida Ecológica no seu conjunto. De facto, há dificuldades que se ligam a um grande número de danos ambientais produzidos desde a época do colonialismo até aos nossos dias que faz ser impossível o seu cálculo total.

Da mesma maneira, a complexidade das relações entre ecossistemas e a sociedade humana faz que seja difícil determinar com exactidão as consequências de uma dano ambiental. As interacções entre os elementos de dois sistemas podem amplificar em muito uma perturbação no equilíbrio inicial e levar a mudanças irreversíveis e imprevisíveis. A contaminação transmite-se e acumula-se ao longo da cadeia trófica e os factores que aumentam o risco são muitos, e às vezes interactuam entre eles, tendo efeitos a longo prazo. Por isso é que é muito difícil isolar o efeito de cada elemento contaminante e estabelecer uma relação linear de causa-efeito.

Por último, a avaliação monetária pode dar conta só de uma parte das perdas associadas com a Dívida Ecológica, mas ignora muitos outros aspectos dessas perdas. Por exemplo, os economistas usam vários métodos para estimar o valor económico de uma vida humana, usando por exemplo o custo-oportunidade de trabalho perdido ou o preço dos seguros de vida. Estes valores reflectem só uma parte das perdas associadas a uma morte, enquanto que muitos outros aspectos não podem ser expressos em termos monetários. Mais a mais, estas estimativas são sempre discutíveis. Porque dependem do rendimento.

Por todas estas razões é que não é possível compensar senão uma pequena parte da Dívida Ecológica. Em muitos casos as populações prejudicadas por uma empresas recusam discutir a quantia da indemnização. No entanto, ao nível empresarial e institucional é mais eficaz usar uma linguagem quantitativa e monetária. Por exemplo, comparar a Dívida Ecológica, expressa em valores monetários, com a dívida externa, pode ser muito útil para demonstrar como esta última já há muito que foi paga, e que são os países do Norte que devem aos do Sul, e não ao contrário. Por outro lado, a avaliação monetária dos danos ambientais é útil num contexto judicial: a compensação económica do dano pode ser a única maneira de que as vitimas serem ressarcidas, para além de constituir um poderoso acicate para as empresas tomarem precauções e reduzir os riscos de acidentes.

A quantificação monetária não é a única maneira de avaliar a Dívida Ecológica: podem-se ainda usar métodos de quantificação física. Alguns dos possíveis indicadores são os que se obtêm da análise dos fluxos de materiais, uma metodologia que consiste em somar todas as toneladas de matéria que entram e saem de um sistema económico. Acontece que um fluxo de materiais não é um indicador directo de contaminação ( um gramo de mercúrio contamina mais que uma tonelada de ferro), mas pode dar uma ideia da dimensão física de uma economia. Usando esta metodologia, podemos observar que, enquanto de um ponto de vista monetário, as importações europeias são aproximadamente iguais às exportações, em termos de peso a Europa importa aproximadamente quatro vezes mais do que aquilo que importa.

Isto quer dizer que as exportações europeias são muito mais caras que as importações, ou seja, que os ingressos obtidos pela venda de bens exportados pode ser utilizado para comprara quatro toneladas de bens importados. Por isso é que os países do Sul se vêm incentivados a vender uma quantidade crescente de bens primários, como combustíveis fósseis, metais, minerais, etc, que produzem muita contaminação e pouca riqueza, ao passo que os países do Norte se especializam em produtos mais elaborados, mais caros e menos contaminantes.

Concluindo, a Dívida Ecológica é um instrumento conceitual sintético e eficaz para tratar das relações injustas Norte-Sul, e um meio adequado para obter o reconhecimento do desequilíbrio no uso dos recursos naturais e na contaminação produzida, a prevenção, isto é, uma série de políticas ambientais e económicas que impeçam a produção de novas dívidas, assim como a reparação –monetária e política – e a compensação, na medida do possível, da dívida já criada e, finalmente, a abolição da dívida externa.

 

A primeira década

De grupo académico a grupo de acção – a primeira década do GAIA

Amanhã o GAIA faz 20 anos. Para quem não está a par, vai haver festa todo o dia na actual sede em Alfama.

Eu juntei-me ao GAIA há 19 anos, quando era apenas um pequeno grupo de estudantes de Engª Ambiente, cuja maior acção era ir com um pano gigante na mini-maratona da ponte 25 de Abril. No colectivo Telmo Goncalves, Bernardo Taneco, João Almeida, Ana Marcão, Simao Dias, David Santos e mais alguns que certamente o nome me falta.

Começámos a estruturar-nos em grupos, a organizar a comunicação e, com o David, tomei a minha primeira coordenação de um grupo, o Grupo de Pesquisa de Informação. Aí tratei das publicações offline (com o lançamento do boletim “O Espírito da Terra”, posteriormente “Erva Daninha”) bem como online (como este antigo site que ainda vive em arquivo: http://gaia.org.pt/arquivo/web2001/indexold.htm).

Com isso – e com a internet – iniciei também os contactos internacionais e divulgação de problemáticas e campanhas que levaram por exemplo à a organização da campanha “A Aposta” de combate às alterações climáticas através de iniciativas de poupança directa em escolas; o meu primeiro encarceramento numa acção de desobediência civil contra a barragem de Itoiz no país basco, aquando do encontro internacional da organização ASEED na aldeia ecológica de Lakabe; ou o dia sem compras, lançado pelos Adbusters.

De todas as experiências nos primórdios da organização, a mais interessante é talvez a tentativa de mobilização e convergência de organizações e movimentos no N30 (30 de Novembro de 1999) em Lisboa. Na altura enviámos mais de 400 cartas para endereços de movimentos comunistas, anarquistas, ecologistas, socialistas e tudo o que pudesse mover-se na crítica ao capitalismo. Foram reuniões e reuniões intermináveis, mobilizadas por mim e uma então estudante de arquitectura, a Patrícia (que acabou pouco depois em burn-out e a família forçou o contacto com o GAIA a ser cortado), ao qual se juntou um hiper-estruturado e experiente anarquista finlandês da People’s Global Action.

Mais de 50 colectivos convergiram e divergiram em reuniões na BOESG ou na casa okupada da Praça de Espanha. Divisões históricas deram muito muito trabalho a que uma acção unitária tomasse lugar em Lisboa, ao mesmo tempo que em Seattle o movimento anti-globalização se preparava para entrar numa nova era. No final, não só aprendemos muito e contribuímos para uma convergência histórica de movimentos, como mobilizámos mais de 300 pessoas em Lisboa para temas comos os acordos multilaterais de comércio em preparação, que além de alguns artigos no jornal Avante, ninguém falava ou escrevia – e muito menos relacionava com a destruição ecológica em curso.

Cresci e aprendi com o GAIA, ao mesmo tempo que contribuí para um GAIA mais politizado, onde o primeiro A, então Académico, passou a significar Acção. Em poucos anos registámos o GAIA como ONG, tendo o cuidado de não o transformar numa burocracia, mas mantendo a horizontalidade, abertura e capacidade de acção que ainda hoje caracterizam a associação, e que lhe atribuem um papel central no ecologismo político em Portugal.

Hoje o GAIA continua vivo, não só a trazer e tratar temas ecológicos e sociais com uma visão e crítica difícil de encontrar noutras organizações ecológicas em Portugal, mas também a providenciar estrutura para movimentos sociais, desde plataformas de publicação livre, até espaços físicos, essenciais para o encontro e agitação de ideias e cidadania.

Eu não estou em Portugal e a minha cooperação com o GAIA é hoje obviamente reduzida – mas continuamos parte da mesma rede e, como o Bernardo sempre fazia questão de dizer – mais do que um grupo de pessoas que se junta para fazer alguma coisa, o GAIA é sobretudo um grupo de amigos. Esse é talvez (ainda) um dos principais ingredientes para o seu sucesso.

Muito mais há para contar, mas o tempo é curto, talvez outro dia escreva mais sobre a primeira década de activismo do GAIA.

 

  • Gualter Barbas Baptista

Lisboa

O núcleo do GAIA em Lisboa tem a sua sede no número 40 da Rua da Regueira no bairro histórico de Alfama, perto do museu do Fado.

É um espaço recente, aberto a diversas actividades e projectos dentro da filosofia de uma organização ecologista crítica, e contamos com a tua participação para o dinamizarmos!

Estamos abertos às Segundas-Feiras das 16h às 19h com actividades livres, às Quintas-Feiras das 19h às 21h com o projecto Recicleta que combina a ideia da cicloficina com o imperativo da redução e reciclagem. No nosso espaço funciona uma Loja Grátis onde podes levar roupas (limpas) e utensílios ou livros em boas condições de uso que já não precisas, e onde podes ver se há algo que precises. Regularmente organizamos Jantares Populares, dinamizados por voluntários, dos quais podes fazer parte, e onde há sempre um tema para conhecer e discutir.

De 15 em 15 dias às Quartas-Feiras das 18h às 20h, há Assembleia Aberta, onde convidamos as pessoas activas no GAIA ou que pretendem ser activas no GAIA ou ainda que queiram desenvolver parcerias com o GAIA para a dinamização do espaço, para se juntarem à ordem dos trabalhos :-)!

Consulta o nosso site para te manteres a par do calendário. Activa-te e Participa!

CSM
História da mudança do núcleo da Mouraria para Alfama em 2013:
O Centro Social do GAIA na Mouraria foi um projecto social e ambiental criado para dinamizar movimentos sociais e actividades, e que acolheu o GAIA Lisboa durante 4 anos. Tendo a seguir ficado vários anos sem espaço fixo, o projecto Centro Social tornou-se itinerante, procurando sinergias com outros grupos e colectivos, e novos espaços onde continuar as suas actividades. Encontrou finalmente um novo poiso em Alfama, onde recomeçaram algumas das actividades regulares mas procuramos sempre parcerias para re-activar outros dos muitos projectos que GAIA já abraçou!P1000254P1000257

O que é o GAIA?

O GAIA (Grupo de Acção e Intervenção Ambiental) é uma associação ecologista, inovadora, plural, apartidária e não hierárquica. Foi fundada em 1996 em Lisboa e actua a nível nacional e regional com núcleos no Porto e no Alentejo, para além do de Lisboa. Colabora com outras associações portuguesas e faz parte de várias redes europeias. O GAIA é uma ONGA (organização não-governamental do ambiente) com uma forte componente activista, recorrendo a acções directas, criativas e não-violentas, promovendo o trabalho a partir das bases. Aborda a problemática ecológica através de uma crítica ao modelo social e económico que explora e prejudica o planeta, a sociedade e as gerações futuras. Paralelamente, procura construir alternativas positivas para um mundo ecologicamente sustentável e socialmente justo.

gaia tinta cabecalho

O GAIA é uma associação que foca as temáticas ambientais integrando questões sociais e políticas. Com uma forte componente activista, utiliza frequentemente acções criativas de cariz directo e não violento como forma de sensibilizar e criar consciência sobre raizes sociais dos problemas ambientais. O GAIA investe também fortemente na integração e influência de outros grupos sociais, transformado o trabalho de lobby e cooperação em pontos fortes do trabalho que realiza.

O GAIA foi fundado em 1996, como um núcleo universitário dedicado exclusivamente a assuntos ambientais. Após 3 anos de activismo, dentro e fora da Universidade, os seus membros tomaram consciência de que os assuntos que a associação defendia eram demasiado importantes para serem sujeitos às limitações de uma associação de estudantes. Em 2000, o GAIA registou-se como Associação Juvenil, legalmente independente da Universidade. O facto de se tornar independente permitiu uma participação activa nos temas das Alterações Climáticas e Globalização ao nível das bases e com um nível de crítica social que raramente se encontra noutras Organizações Não Governamentais de Ambiente. Em 2004, o GAIA registou-se legalmente como Organização Não Governamental de Ambiente e iniciou o processo para se tornar ONG de Ambiente no Registo Nacional.

Para conhecer melhor o GAIA ou participar nas reuniões e actividades, visita o nosso portal ou contacta-nos.

23 de Abril – 20 anos de lutas, vivências e histórias: Parabéns GAIA!

Dia 23 de Abril, o GAIA celebrará 20 anos de lutas, vivências e histórias.

O GAIA, Grupo de Acção e Intervenção Ambiental nasceu há 20 anos, em 1996, como um núcleo universitário dedicado exclusivamente a assuntos ambientais.

Ao longo de 20 anos o GAIA evoluiu, tornou-se uma Organização Não Governamental de Ambiente, passou por muitas vivências, diversas metodologias de acção, vários processos criativos de reflexão crítica, e pelo grupo passaram centenas de pessoas inspiradoras e inspiradas.

Continua a ser uma associação ecologista de características únicas no panorama português, mantendo-se apartidária e não hierárquica, e recorrendo a acções directas como forma de criar consciência sobre as raízes e dimensões dos desafios ambientais actuais.

O GAIA aborda as problemáticas ambientais contemporâneas a partir da crítica ao modelo sócio-económico capitalista e industrial e às várias formas de dominação, numa perspectiva de justiça social e ambiental.

Paralelamente, procuramos impulsionar alternativas positivas para um mundo ecologicamente mais resiliente e socialmente justo, fomentando também o cooperativismo e a auto-gestão, através de práticas de apoio mútuo e a partilha de informação e saber-fazer populares.

Vem conhecer-nos melhor e festejar connosco no dia 23 de Abril durante todo o dia no nosso espaço em Alfama.

20 ANOS: continuamos a acreditar, a viver, a cuidar e a lutar… com os pés enraizados na terra e as antenas no ar!

festa gaia 20 anos web
PROGRAMA 23 de ABRIL:

  • Todo o dia: 

Loja Grátis (traz ou troca roupas /utilidades limpas e em bom estado!)
Oficina de bicicletas (traz a bicla!)
Banca informativa e de sementes (troca as tuas sementes!)

  • 10H00 Oficina de bombinhas de sementes para miúdos e graúdos
  • >10H- Preparação do almoço, ajuda bem-vinda!
  • 12H00 Passeio de bicicleta, ponto partida no GAIA
  • 13H00 Almoço vegan, bio, sem OGM
  • 14H30 Oficina de Acção Directa
  • 15H00 Jogos sobre sementes e alimentos para miúdos
  • 16H00 Oficina Activa a Semente Livre dentro de ti
  • >18H- Música ao vivo!
  • 20H00 Jantar vegan, bio, sem OGM
  • 21H00 Sessão nostalgia “GAIA o que me contas”

RESPOSTA OFICIAL A Convite para Greenfest 2014

Caros organizadores do Greenfest

No seguimento do vosso convite para marcar presença no Greenfest e da vossa resposta (abaixo) à nossa inquirição sobre as v. entidades patrocinadoras, gostávamos de explicar porque é que não nos é possível dar a cara pelas Sementes Livres no vosso evento.
A Campanha pelas Sementes Livres e os seus parceiros nacionais e internacionais desde há três anos travam uma luta contra a apropriação dos nossos recursos naturais comuns por parte de governos de países poderosos e por corporações transnacionais como Nestlé, Unilever, Cargill, Monsanto e Bayer. A Campanha une pessoas, grupos, associações e movimentos que também se opõem à introdução de OGM na nossa agricultura e alimentação (Nestlé é defensora dos OGM, ver também aqui), à destruição dos últimos rios selvagens pela construção de barragens desnecessárias como está a ser levada a cabo pela EDP e aos acordos comerciais opacos entre EUA e União Europeia – o último sendo o TTIP – e dos quais beneficiam outros antigos patrocinadores vossos como Microsoft, por verem legitimados os seus monopólios e reforçados os seus “direitos” de fazer dinheiro, ao ponto de poderem processar qualquer governo que coloque um tecto no seu lucro.
Uma vez que temos convites regulares para falar sobre a causa das sementes de cultivo e o seu lugar numa alimentação e agricultura sãs e solidárias, não nos parece produtivo nem ético investir nosso tempo em eventos onde as questões ecológicas e sociais são co-optadas pelas mesmas entidades que causam a privatização e degradação do nosso meio-ambiente. Todos nós nos recordamos da ligação da Nestlé à promoção dos OGM e à destruição da selva de Bornéo para exploração do óleo de palma. Nenhum de nós consegue esquecer a calamidade que a EDP está a provocar nos últimos redutos selvagens em Portugal.
Não nos parece aceitável que quem é parte do problema se aproprie das “cores da solução” quando nada pretende fazer para alterar o estado das coisas.
Também não nos parece razoável que apenas com dinheiro e recursos de multinacionais se consegue fazer um evento em prol da “sustentabilidade”. A sustentabilidade a nosso ver inclui um descrescimento nos gastos e materiais envolvidos num festival ou festa e sobretudo um decrescimento na ambição de tirar proveito de tudo e de todos.
Sustentabilidade a nosso ver é simplificar as actividades humanas, reduzi-las para a dimensão humana e torná-las outra vez acessíveis a todos. Fazer tudo rigorosamente igual mas chamar verde, a nosso ver não basta.
(Esta resposta foi publicada no site das sementes livres e da Plataforma Transgénicos Fora).
Atentamente
Lanka Horstink
Campanha pelas Sementes Livres – colher o futuro, semear a diversidade
www.sosementes.gaia.org.pt

 

A carta é uma resposta a:

From: Sofia Alegy Raichande <sofia.raichande@greenfest.pt>
Subject: Re: Convite para Grenfest 2014
Date: 2 de Julho de 2014 19:58:08 WEST
To: Campanha pelas Sementes Livres <sementeslivres@gaia.org.pt>

 

Boa tarde Lanka,
Muito obrigada pela sua resposta. Teríamos todo o gosto em que estivessem presentes no nosso evento.
O Greenfest tem como um dos objetivos dar palco a temáticas que o público desconhece e parece-nos que a questão das sementes livres ainda é desconhecida para muita gente.
Os patrocínios e parcerias ainda não estão todos confirmados mas são eles que nos permitem realizar o evento com a expressão e dimensão que tem.
A EDP tem sido um dos principais patrocinadores e provavelmente voltará a ser este ano. Com a Nestlé ainda estamos em negociações, por isso não há garantias.
São estes apoios que nos permitem das palco a vozes que são importantes ouvir. Espero que a vossa decisão seja positiva e que aceitem o nosso convite.
Com os melhores cumprimentos,
Sofia Alegy Raichande
No dia 2 de Julho de 2014 às 17:16, Campanha pelas Sementes Livres <sementeslivres@gaia.org.pt> escreveu:

Cara Sofia

Obrigada pelo vosso convite. Antes de poder decidir a nossa participação, precisava, se não se importasse, que me esclarecesse se continuam com patrocínio da Nestlé e EDP como nos anos anteriores. Para vários dos parceiros da Campanha pelas Sementes Livres, a presença de multinacionais, em particular as que estão associadas à degradação ecológica e social do nosso pequeno planeta, será razão para bloquear a participação. Uma vez que denunciamos a usurpação dos recursos naturais comuns por corporações ligadas às sementes, agro-químicos e alimentação, não seria coerente estar presente em eventos que ostentam estas marcas.
Neste momento vi no vosso site as multinacionais Santander e Portucel/Soporcel cujos “track records” vamos analisar, mas gostava de receber a lista completa das entidades envolvidas no Greenfest.
Desde já obrigada pela atenção
cps
Lanka Horstink
Campanha pelas Sementes Livres
colher o futuro, semear a diversidade
 

Erva Daninha 03: Agricultura Transgénica? (zine do GAIA 2008)

capa ED3 NÓS GOSTAMOS DE ERVAS DANINHAS

Aqui disponibilizamos online a publicação Erva Daninha número 3 , feita já em 2008 mas ainda muito actual, e dedicada em exclusivo ao tema da agricultura transgénicos, lutas e exemplos dos movimentos que a combatem e que semeiam e co-criam as suas alternativas mais ecológicas e justas socialmente, com todos os conteúdos de artigo e imagens criados especialmente para esta publicação.

A Erva Daninha e uma publicação criada pelo G.A.I.A em 2003, e desenvolvida totalmente por voluntári@s e amig@s do G.A.I.A.

Aqui podem ler o anterior número 2 da Erva Daninha

Neste número 03, queremos agradecer a todas as pessoas que activamente colaboraram!

E uma novidade a comparar com as edições anteriores é que como desde sempre temos tido dificuldades orcamentais para por esta zine em circulacao, resolvemos apostar, e cada vez mais, numa lógica Do It yourself (D.IY. ). Ou seja, para ganharmos autonomia e podermos ultrapassar questões económicas de produção, tornamo-nos os totais responsáveis pela produção deste projecto, não o levando a uma gráfica para acabamentos finais, mas imprimindo-a e agrafando as folhas de cada exemplar nós mesm@s antes de passarmos a Erva Daninha para as tuas mãos.

 

Grupo de Acção e Intervenção Ambiental