Relato da Oficina 1: ‘Que território é este?’ no âmbito do Diagnóstico Rural Participativo de Odemira

No dia 18 de Junho, no maravilhoso espaço C.A.R.M.E.N. generosamente cedido pelos seus responsáveis, reuniram-se cerca de 20 representantes diversas/os do agro-território de Odemira. Produtores agrícolas e membros de associações e colectivos aceitaram o desafio de lançarem juntas/os um olhar crítico às características da zona no que respeita em particular à produção agrícola . O Covid e agendas muito preenchidas impossibilitaram alguns profissionais bem como representantes das Juntas de Freguesia e da Câmara Municipal de Odemira de se juntar às pessoas participantes, o que não impediu um debate vivo e produtivo. O grupo acabou por ser constituído por três gerações, permitindo a fusão de diferentes conhecimentos e sensibilidades.

Utilizando metodologias próprias da dinâmica do Diagnóstico Rural Participativo, uma ferramenta de auto-análise e empoderamento de pessoas do meio rural já bastante usada no continente Sul-Americano, pretendeu-se responder às seguintes perguntas:

  • Como evoluiu a paisagem e a presença humana da pré-história até hoje?
  • Como se pode caracterizar a agricultura em Odemira?
  • Quais são os principais desafios para a agricultura em Odemira?
  • O que causa e quais as consequências dos principais problemas encontrados?

Para responder à primeira pergunta, o primeiro facilitador embarcou as pessoas presentes numa viagem, visualizada num mapa interactivo, pelas várias étapas de desenvolvimento do território de Odemira. Com a ajuda da memória das pessoas participantes, foi-se completando o mapa.

O mapa dos recursos naturais e ocupação humana foi depois rematado com uma reflexão sobre os recursos sociais, económicos e culturais em duas épocas distintas.

De seguida, em duas mesas rotativas, foi feita uma análise FOFA conjunta (identificando Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças) da produção agrícola e sistema agro-alimentar de Odemira.

Um almoço saboroso com ingredientes de produtores locais e da estação, preparado por uma das participantes, ela própria produtora, renovou as energias do grupo para que à tarde se focasse a problematização dos desafios do agro-território.

As duas dinâmicas da tarde complementaram-se: a primeira visou listar os principais problemas do agro-território, culminando numa votação pelas pessoas presentes de forma a escolher três problemas mais urgentes e/ou importantes.

De seguida, em três mesas, cada um destes problemas mais votados foi dissecado usando a técnica da ‘Árvore de Problemas’, que ajuda a evidenciar as causas do problema bem como os impactos que está a ter.

No fecho da oficina foram recolhidas as opiniões e sugestões das pessoas participantes sobre os resultados da mesma e as expectativas para próximos passos. A equipa do Diagnóstico Rural Participativo comprometeu-se a preparar um documento baseado nas várias recolhas de dados feitas no território (dados documentais e estatísticos, dados em terrenos agrícolas e de entrevistas com produtoras/es e ainda os resultados das discussões durante a oficina).

Prevê-se que este documento esteja pronto em Setembro. Será disponibilizado não apenas aos/às participantes, mas também a um público mais alargado, tanto on-line como através do envio para todas as entidades relevantes no território (Associações de Desenvolvimento Local, Câmara e Juntas de Freguesia, associações de produtores,…). O projecto finalizará ainda com um evento público presencial a realizar no Outono. Neste, haverá a oportunidade de reflectir, em conjunto, sobre o futuro agro-alimentar da região de Odemira.

Grupo de Acção e Intervenção Ambiental