Salvem as águas // manifesto Dia internacional da água

O século XXI adivinha-se como o século das guerras pela água, e mesmo que não cheguem a haver guerras abertas por água sabemos já que a crise da água é a maior que temos para enfrentar. E que proteger e regenerar os mananciais e recursos hídricos é agora fundamental.

O Cerrado, no Brasil, é um bioma único e dos mais importantes a nível de biodiversidade – a par da Amazónia apesar de menos famoso – e pelo aporte de água para planeta – numa região em que lençóis freáticos são literalmente magnetizados e impulsionados a crescer pela força de diamantes debaixo de terra – sendo estes lençóis freáticos necessários não só para os rios do Brasil mas para o acesso a água doce em todo planeta.

Na região de Minas Gerais, a indústria de extração mineira tem uma longa história de implantação e destruição do território, tendo ao largo de séculos destruído ecossistemas ambientais e humanos.

A mineração predatória é um velho fantasma do estado de Minas Gerais. Há vários séculos que a região é destruída através da exploração de sua riqueza mineral.

A região do Serro, na Serra do Espinhaço, é uma das poucas regiões de Minas que ainda não foi totalmente depredada pela mineração de grande porte. A luta para impedir o avanço de projetos dessa natureza no município já dura muitos anos.

O município mineiro do Serro, que tem grande parte do seu território coberto pelo cerrado, é um lugar de rara beleza, reconhecido nacionalmente por seu rico património natural e cultural. Na luta por impedir a implantação de mais um projeto de mineração predatória em Minas Gerais, da corporação Herculano e AngloAmerica e proteger os mananciais hídricos do Serro, um grupo de artistas de todo o Brasil se uniu ao Movimento pelas Águas na produção de um videoclipe-manifesto: “SALVEM AS ÁGUAS”.



Hoje, 22 de março, Dia Mundial da Água, lançamos esse chamado para lembrar que a defesa das águas é uma causa de todos nós. Ajude essa mensagem a fluir por todos os cantos.

O PROBLEMA

Após ter seu projeto rejeitado por inconformidades ambientais, a Anglo American vendeu os direitos de expolração de minério no Serro para a empresa Herculano, que é quem atualmente tenta implantar um grande projeto para explorar minério de ferro na região. Em conchavo com a prefeitura do Serro, a Herculano tem buscado apoio de parte da população local através da disseminação de informações falsas, promessas vazias e documentos mentirosos.

Os danos ambientais, sociais e culturais do projeto são gravíssimos. O abastecimento hídrico de toda região está em risco.
Além disso, há previsão de impacto destrutivo no património histórico e arquitetónico da cidade do Serro, tombado desde 1938. No entanto, parece que a população local desta localidade não só ignora estes factores como tem a ilusão de que a sua qualidade de vida melhore com a indústria de extração de minério à porta de casa, pensando que possam vir a receber empregos por parte da indústria mineradora, que promete cerca de 200 empregos. Infelizmente, esta ideia não é de todo realista uma vez que os trabalhadores tendem a ser temporários e a vir de outras regiões do Brasil, tendo também um efeito predatório sobre as comunidades, consequências como o aumento dos níveis de violência na cidade e aumento de prostituição e casos de violação de menores, bem como gravidezes de jovens mulheres são expectáveis. O paralelismo entre uma indústria que escava o interior da terra para a violar e a violação das mulheres por parte dos trabalhadores (maioritariamente homens) que trabalham nessa indústria é inegável.

O projecto de extração mineira em causa está cheio de irregularidades, já tinha sido anulado há 5 anos atrás, mas com a retomada de poder de um velho coronel no governo local o projeto predatório está agora a avançar – seguindo agora para aprovação do Iepha, Iphan e Supram, órgão do Governo do Estado de Minas Gerais responsável por analisar os possíveis danos ambientais causados por mega-empreendimentos como este – em contradição com as promessas eleitorais feitas antes por este novo governo local que tinha prometido à população que não ia aprovar o projecto de mineração que destruirá comunidades quilombolas e os rios logo numa primeira instância, tendo a largo prazo incomensuráveis efeitos nefastos sobre as comunidades e o bioma protegido do Cerrado.

Está disponível aqui um artigo do professor Matheus de Mendonça Gonçalves Leite com o objetivo de expor a ampla mobilização e participação popular, inclusive das classes e grupos étnicos historicamente subalternizados na cidade do Serro/MG, nas discussões
e na deliberação sobre a desconformidade socioambiental do empreendimento minerário denominado “Projeto Serro”.

Um vídeo que vale a pena ver para compreender melhor a questão do cerrado ser a caixa d’água do brasil, produzido recentemente por activistas do movimento local sobre a importância ecossistémica do bioma do cerrado e como o proteger

APOIEMOS ESTE MOVIMENTO
O movimento local de luta contra a indústria de mineração talvez pareça tímido na sua actuação, tendo em conta a grande dimensão do problema em causa, mas essa remota timidez tem sua génese no facto de esta é uma região onde o poder local tem ainda traços “coronelistas” (como um faroeste) de domínio sobre o território e o poder tem um largo conluio corrupto com a indústria da mineração, e onde os activistas protectores da água chegam a ser ameaçados e assassinados.
Com o governo brasileiro no activo neste momento tão pouco se pode contar. Por este motivo, este movimento precisa fortemente de apoio internacional.

Uma borboleta bate as asas aqui e cria um furacão num canto oposto do planeta…. Um movimento movimenta-se e precisa de crescer.

Pedimos a todos activistas e colaboradores de ONGAs no Brasil, em Portugal e com contactos a nível internacional que dêem a conhecer esta situação, e que apoiem este movimento local, através da geração de um movimento de solidariedade e pressão internacional sobre o governo do Brasil.

Para maior compreensão pode-se consultar esta análise do relatório de hidrogeologia acerca da proposta de extracção de ferro e esta análise crítica.


Circula neste momento um Abaixo Assinado solicitando ao Ministério Público (MP) as providências cabíveis quanto ao projeto irregular da Herculano Mineração.

Primavera Agroecológica promove o debate para a transição agroecológica em Portugal de 21 de Março a 1 de Maio de 2021

Nota de Imprensa – Lisboa, São Luís, 15 de Março

Os Encontros por uma Primavera Agroecológica (PrimaverAE 2021) é uma acção conjunta de várias organizações e indivíduos que se propõem criar um espaço de encontro e diálogo entre praticantes, activistas, investigadores e entusiastas da agroecologia em Portugal, promovendo uma série de eventos de 21 de Março a 1 de Maio de 2021.

O objectivo da PrimaverAE é estimular o pensamento crítico sobre os caminhos para a transição Agroecológica em Portugal, dar visibilidade aos bons exemplos práticos, compreender os seus desafios principais e apoiar o fortalecimento de redes de solidariedade entre apoiantes desta causa. Pretendemos criar um espaço de encontro e reflexão sobre as dimensões práticas, éticas, científicas, económicas, sociais, políticas e culturais da transição Agroecológica em Portugal. 

Nestes encontros proporcionam-se diversas tipologias de eventos incluindo tertúlias, debates, projecções de documentários, oficinas virtuais, bem como visitas guiadas a projectos agroecológicos, demonstrações de metodologias e ainda momentos de música, conversa e convívio online de Norte a Sul do país.

Para marcar a abertura da PrimaverAE 2021, o GAIA promove no dia 21 de Março um debate  — Agroecologia em Portugal: Perspectivas, desafios e caminhos — contando com um painel de convidados/as reflectindo diferentes perspectivas da agroecologia (ex. institucional, de produtores, camponeses, investigadores e activistas) para compreender melhor os principais desafios e potenciais caminhos para a transição agroecológica em Portugal.

Todas as Sextas-feiras da PrimaverAE, dinamizaremos os eventos Café com Cheirinho, onde se abrirá espaço a conversas informais, música e projecções de documentários sobre variados temas. Teremos ainda no dia 8 de Abril um webinar sobre Como Criar (não uma mas) Cinco AMAPs, com a rede REGENERAR; no dia 19 de Abril um debate online Em que Ponto Estamos? organizado pela rede ACTUAR; e no dia 24 de Abril uma visita guiada ao Centro de Agroecologia de Mértola com roda de conversa, projecção de documentário e ainda uma sopa agroecológica; entre muitos outros eventos fresquinhos!

Com os melhores cumprimentos, 

A Coordenação PrimaverAE 2021,

Miguel Encarnação

Joana Canelas

Lanka Horstink 

Rita Alegria

Para mais informações: sementeslivres@gaia.org.pt

O programa da PrimaverAE 2021 está disponível na integra AQUI.

Inscrições na PrimaverAE 2021 são feitas através deste formulário.

Para mais informações sobre a PrimaverAE 2021 podem consultar website AQUI e seguir-nos na nossa página Facebook

O que é a agroecologia?

Para o GAIA, a agroecologia representa um conjunto de propostas concretas para enfrentar e mitigar a atual crise ecológica, social e económica que atravessamos, sendo não apenas um meio para fortalecer uma agricultura ecológica de proximidade mas também um modo de estimular o desenvolvimento rural dos territórios e determinar a segurança e soberania alimentar dos povos. O movimento agroecológico busca reestabelecer um equilíbrio social, cultural e económico nos sistemas alimentares, apoiando a autonomia e vivência digna das populações rurais e consagrando o seu direito de acesso à terra, às sementes e de influência sobre as políticas públicas que definem os modos de produção e de acesso ao alimento.

Mais informações sobre agroecologia, AQUI.

O GAIA — Quem somos?

O GAIA (Grupo de Acção e Intervenção Ambiental) foi fundado em 1996 e actua a nível tanto nacional como regional, com núcleos em Lisboa, Porto e Alentejo. Enquanto associação, o GAIA procura, por meio de suas actividades e projectos, a contínua partilha de conhecimentos e construção de alternativas para um mundo ecologicamente sustentável e socialmente justo. Neste sentido, promove a sensibilização e debate crítico sobre questões sociais, económicas e políticas ligadas aos actuais desafios ambientais. 

Mais informações sobre o GAIA, AQUI.

Projecto trAEce 

O projecto europeu trAEce (Agroecological Vocational Training for Farmers) pretende criar uma formação profissional para agricultores que lhes permita implementarem práticas agroecológicas, promovendo o conceito de agroecologia simultaneamente como disciplina e prática. Este trabalho é realizado em colaboração com investigadores, formadores e agricultores de cinco países europeus (Hungria, Roménia, Áustria, República Checa e Portugal), procurando compreender a visão de agricultores sobre este tema e identificar os diferentes discursos políticos, políticas ambientais, actores no terreno e redes de contacto relevantes.

Mais informações sobre o projecto trAEce, AQUI.

Ver relatório de análise da situação da agroecologia em Portugal, AQUI.