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3º Encontro Nacional pela Justiça Climática – 11 Fev na FCUL

Comunicado do encontro: Encontro pela Justiça Climática em Lisboa garante luta feroz contra furos de petróleo em Portugal

O furo de prospeção de petróleo e gás em Aljezur caducou, mas a GALP disse que ia perfurar na primavera. Estão a chegar os furos na Zona Oeste e na Batalha/Pombal, mas há um silêncio enorme sobre eles.

A Europa tem de fechar todas as suas centrais de carvão até 2031 para cumprir os seus próprios compromissos (que são só metade do que é necessário para evitar o caos climático), mas Portugal continua a subsidiar a EDP e estendeu o prazo das centrais de carvão de Sines e do Pego até 2030.

Recentemente, o governo assinou um acordo com Espanha para aumentar a capacidade do Porto de Sines e para construir 160 km de novos gasodutos, para receber gás de fracking dos EUA, mas o primeiro-ministro António Costa continua a dizer que o país será carbono neutro em 2050.

Desde Pedrogão Grande até aos furacões nas Caraíbas, a crise climática está a fortalecer-se. Por todo o mundo, as comunidades indígenas, o/as trabalhadore/as e jovens estão levantar-se para contrariar as injustiças sociais e climáticas.

Vivemos num período muito especial. As nossas sociedades estão a fazer escolhas decisivas para as décadas que virão. Existem ainda muitas incertezas na nossa história coletiva, e é exatamente por isso que vale pena lutarmos agora!

Para ganhar, precisamos de toda a gente, e precisamos de conversar e convergir. Os Encontros Nacionais pela Justiça Climática são momentos-chave neste processo.

Página do Encontro

Comunicado imprensa: Líder Guarani-Kaiowá visita Portugal para denunciar genocídio dos povos indígenas no Brasil

Comunicado de imprensa
Líder Guarani-Kaiowá visita Portugal para denunciar genocídio dos povos indígenas no Brasil

Lisboa, 31 de Maio de 2017—O Cacique Ládio Veron vai estar durante os próximos dias 3 a 8 de Junho em Portugal, para denunciar o genocídio, etnocídio e perseguição por parte do Estado brasileiro e buscar apoio à luta dos povos Kaiowá e Guarani pelos seus direitos e pelas suas terras.

O líder indígena marcará presença em eventos no Porto (Dia Mundial do Ambiente), na Assembleia da República, na Universidade de Coimbra e em diferentes associações, testemunhando o drama que vivem os índios Guarani-Kaiowá e outros povos do país—desprezados pela classe política, atacados pela polícia militar e assassinados pelos grandes latifundiários.

No estado do Mato Grosso do Sul, enquanto o agro-negócio soma lucros, as tribos indígenas sobrevivem em pequenos terrenos cercadas por monoculturas de soja, milho e açúcar. Lutam pelo direito a uma pequena parte das suas terras (cerca de 9 mil hectares, 2% do estado), de onde foram expulsas a partir de 1492. O território foi reservado na constituição brasileira, mas de seguida invadido e ameaçado pelos fazendeiros, com apoio dos militares. Esta é a região brasileira com maiores índices de violência contra os povos indígenas—nos últimos 15 anos já terão sido assassinados 400 índios.

“Aquilo que os europeus comem está misturado com o sangue dos índios. Os europeus devem saber como estão a destruir as nossas florestas, a poluir a nossa água e como nos assassinam. É a nossa sobrevivência que está em jogo”, denuncia Ládio Veron.

Segundo os organizadores da viagem, o Brasil vive hoje um momento histórico que pode ser considerado um dos piores das últimas décadas. Desde o golpe da elite brasileira em conluio com multinacionais e a tomada do poder por Michel Temer, ficou impossível qualquer diálogo com o Estado brasileiro, mais neoliberal e capitalista do que em qualquer época. O objectivo da viagem é de dinamizar uma rede europeia de solidariedade.

Ládio Veron repete assim a viagem que o seu pai, Cacique Marco Veron, fez à Europa em 2001—antes de ser assassinado pelos fazendeiros em frente à própria família. A visita a Portugal marca o fim dum périplo de esperança que percorreu doze países europeus, encontrando representantes políticos e dos movimentos sociais. A viagem é organizada pela iniciativa cidadã “Tribunal Popular: o Estado brasileiro no banco dos réus” e tem o apoio de associações e ONGs de toda a Europa.

Agenda do Cacique Ládio Verón em Portugal:
>> 3 de junho, 18h30 conversa na Fábrica das Alternativas em Algés https://www.facebook.com/events/377334659334768/
>> 5 de junho, Dia Mundial do Ambiente, espaço PAN Porto, apresentação e debate  “O agronegócio e a resistência dos povos indígenas” https://www.facebook.com/events/1873949326177325/
>> 6 de junho, 15h00, seminário “Aonde nos leva tanta violência? Lutas e Resistências dos Povos Indígenas das Américas: Guarani Kaiowa e outras experiências”, Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra http://www.ces.uc.pt/pt/agenda-noticias/agenda-de-eventos/2017/aonde-nos-leva-tanta-violencia/apresentacao
>> 7 de junho, recepções na Assembleia da República pelo deputado do PAN André Silva 11h00 e pelo deputado do Bloco de Esquerda José Manuel Pureza 14h00
>> 7 de junho, 20h00, Jantar Popular, apresentação e debate no GAIA em Lisboa https://gaia.org.pt/2017/05/26/jantar-popular-lutas-dos-povos-indigenas/
>> 8 de junho – recepção pela Comissão do Ambiente na Assembleia da República

Mais informação:
https://www.facebook.com/Cacique.Ladio.Veron.Portugal/
https://www.facebook.com/viagemladioveron/

Contactos
António Pedro Dores (CIES/ISCTE-IUL), EM antonio.dores@iscte.pt, TM 933 615 537
GAIA-Grupo de Acção e Intervenção Ambiental, EM lisboa@gaia.org.pt

Esta Sexta-feira, 10 de Março, Jantar Popular “Revival Tribunal Monsanto” no GAIA

JANTAR POPULAR NO GAIA: “REVIVAL TRIBUNAL MONSANTO!”
Sexta-Feira dia 10 de Março, Rua da Regueira 40, Alfama, Lisboa – 20h

Foi nos dias 14, 15 e 16 de Outubro de 2016 que cinco juízes internacionalmente reconhecidos, 24 testemunhos dos quatro cantos do mundo, para além de dezenas de investigadores jurídicos sob liderança do Professor Dr. Olivier de Schutter (ex-Rapporteur da ONU para o Direito à Comida), aceitaram o desafio de recolher provas sobre as actividades da empresa transnacional agro-química Monsanto, e de analisar as leis nacionais, internacionais e respectiva jurisprudência existente, com o fim de poder emitir uma opinião jurídica sobre o tipo de crimes de que este tipo de empresas pode ser acusada—contra a humanidade, a saúde pública e/ou contra a natureza—e sobre a possibilidade de poder finalmente processá-las por estes crimes.

Para assistir ao Tribunal Monsanto e à Assembleia dos Povos que teve lugar em paralelo, 750 pessoas representando 30 nacionalidades aterraram em Haia, Holanda. Tiveram o privilégio de em poucos dias ficar a conhecer algumas das personalidades mais conhecidas da luta contra a agricultura industrial e a impunidade das corporações transnacionais como Percy Schmeiser, Vandana Shiva, Valérie Cabanes, Nnimmo Bassey e Ronnie Cummins. Juntos, os participantes fortaleceram seus conhecimentos sobre os desafios que enfrentamos na defesa de uma alimentação saudável e justa, e esboçaram novas estratégias—nacionais, regionais e globais—para enfrentar o paradigma da ganância e da indiferença na agricultura.

O GAIA, em conjunto com a Campanha pelas Sementes Livres, propõe revivermos estes dias intensos, de descobertas boas e más sobre o que se passa no nosso mundo, mas sobretudo da reafirmação da nossa capacidade de vencermos os desafios unindo-nos, sabendo que somos mais tanto em número como em valor humano, e que teremos a última palavra. Estarão presentes algumas pessoas que integraram a comitiva portuguesa em Haia.

Se este nosso convite não vos convenceu, vejam o convite apaixonado da Vandana Shiva, embaixadora da Assembleia dos Povos.

Aparece para jantar connosco e ver, ouvir, e conversar o que foi o Tribunal Monsanto / Assembleia dos Povos, e para saber quais serão os próximos passos a dar!

Jantamos às 20 horas e iniciamos as apresentações e conversas mais ou menos pelas 21 horas. Se queres ajudar a preparar a comida e o espaço, aparece a partir das 18 horas!

Para quem quer aprofundar:
A carta aberta da Vandana Shiva para “iniciar os trabalhos”.
Discursos de abertura e fecho de Tribunal Monsanto proper.
Fotos e videos dos dias do Tribunal e Assembleia.
Quando é que o veredito final ficará disponível.

O que é o Jantar Popular?
– Um Jantar comunitário vegano, biológico e LIVRE DE OGMs que se realiza no GAIA, Rua da Regueira, n 40, em Alfama.
– Uma iniciativa inteiramente auto-gerida por voluntários.
– Um jantar em que podes colaborar e aprender a cozinhar vegano! Para cozinhar e montar a sala basta aparecer a partir das 18h. Jantar “servido” a partir das 20h.
– Um projecto autónomo e auto-sustentável. As receitas do Jantar Popular representam o fundo de maneio do GAIA que mantém assim a sua autonomia.
– Um jantar onde ninguém fica sem comer por não ter moedas e onde quem ajuda não paga. O preço nunca é mais de 3 pirolitos.
– Um exemplo de consumo responsável, com ingredientes que respeitam o ambiente, a economia local e os animais.
– Uma oportunidade para criar redes, trocar conhecimentos e pensar criticamente.

A equipa do documentário internacional Seed Act sobre guardiões e defensores de sementes esteve presente em Haia! Mais aqui

Sexta-feira 3 de Março, Jantar Popular do Gaia, com organização Tribodar: Escola ou Não-Escola: quais as questões?

Sexta-feira dia 3 de Março no GAIA, Rua da Regueira nº40 em Alfama, venham participar no diálogo entre uma experiência de educação doméstica comunitária não-formal e a solidariedade com uma escola pública de qualidade.

O Ensino Doméstico tem conhecido uma grande expansão desde 1960, tomando já a forma de movimento social e apresentando-se como uma séria tendência de privatização da educação.

As motivações são muitas e as formas de organização variam da sala mais tradicional à proposta mais activa, do um para uma ao grupo de crianças e um/uma  docente. A proposta da Tribodar vai mais além e questiona o próprio lugar da escola como um espaço formal de instrução, com um tempo, um espaço e um conteúdo para todas as crianças. É o próprio sentido que está em causa: para quê serve a escola nas sociedades contemporâneas?

No dia em que cada grupo social ou religioso tiver um centro educativo próprio, fundado no seu projecto de sociedade, em nome do que é melhor para as suas crianças, a acção pedagógica tornar-se-á mais coerente e harmoniosa. Mas, pelo caminho, perder-se-á uma das principais qualidades da escola pública, a possibilidade de estabelecer estórias partilhadas e hábitos de diálogo, construindo assim uma base sólida e evolutiva para a construção de práticas de vida em comum. Por outro lado, se a escola pública é uma garantia de justiça social a quem não tem outra alternativa, parece mais atenta às necessidades da própria organização escolar e de um mercado de trabalho capitalista do que às necessidades e talentos das crianças e da sua preparação para uma vida activa com sentido no colectivo.

Esta é uma problemática complexa. Contamos convosco para enriquecer este diálogo, pois é a falar que a gente se entende e aprende em conjunto!

As receitas deste jantar revertem para a associação Tribodar, e a sua campanha de crowdfunding para arrecadar fundos com o objectivo de terminar uma casa ecológica redonda que será o principal espaço de aprendizagem multifuncional. A campanha de crowdfunding começou no dia 6 de fevereiro e durará 40 dias.

Clica aqui para apoiar a Tribodar

Quem quiser vir ajudar é bem-vind@ a partir das 18 horas. Jantamos às 20 h e a apresentação do projecto da Tribodar, seguida do diálogo entre todas as pessoas, começa às 21 h.

O que é o Jantar Popular?

– Um Jantar comunitário vegano, biológico e LIVRE DE OGMs que se realiza no GAIA, Rua da Regueira, n 40, em Alfama.
– Uma iniciativa inteiramente auto-gerida por voluntários.
– Um jantar em que podes colaborar e aprender a cozinhar vegano! Para cozinhar e montar a sala basta aparecer a partir das 18h. Jantar “servido” a partir das 20h.
– Um projecto autónomo e auto-sustentável. As receitas do Jantar Popular representam o fundo de maneio do GAIA que mantém assim a sua autonomia.
– Um jantar onde ninguém fica sem comer por não ter moedas e onde quem ajuda não paga. O preço nunca é mais de 3 pirolitos.
– Um exemplo de consumo responsável, com ingredientes que respeitam o ambiente, a economia local e os animais.
– Uma oportunidade para criar redes, trocar conhecimentos e pensar criticamente.

2ª Encontro Nacional pela Justiça Climática

Dia 5 de Março, das 10h-18h, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas em Lisboa

Entrada livre

No momento em que sob as costas litorais de Portugal pende uma ameaça concreta de prospecção de petróleo, no momento em que Donald Trump tenta apagar as alterações climáticas da agenda internacional para relançar as petrolíferas em conjunto com Putin, reunimo-nos para discutir e preparar o combate às alterações climáticas e pela justiça social – combate à prospecção e exploração de combustíveis fósseis em Portugal; projectos de gás natural no país; empregos climáticos e transição energética; experiências internacionais de vários activistas desse mundo fora, juntos em Lisboa para reafirmar a justiça climática como objectivo essencial do nosso tempo. Esperamos por ti!

Mais informação

Convocatória aos sócios para Assembleia Geral

Convocatória

Ao abrigo dos art. 15º e 16º dos nossos estatutos, convocam-se todos os sócios da associação GAIA – Grupo de Acção e Intervenção Ambiental para uma Assembleia Geral Ordinária a realizar no dia 12 de Fevereiro de 2017, pelas 10 horas, na sede da associação, sita na Rua da Regueira, número 40, em Lisboa, com a seguinte ordem de trabalhos:

Ponto 1 – Apresentação e votação do Relatório de Contas de 2015
Ponto 2 – Apresentação e votação do Relatório de Actividades de 2016
Ponto 3 – Apresentação e votação do Plano de Actividades para 2017
Ponto 4 – Outros assuntos

Não estando presente à hora marcada o número mínimo de sócios para iniciar a deliberação, a Assembleia Geral reunirá meia hora depois, em segunda convocatória, com os sócios presentes.

Lisboa, 3 de Fevereiro de 2017

A Presidente da Mesa da Assembleia Geral

Rita Queiroga Bento

Morar Em Lisboa – Carta Aberta

AO GOVERNO, AOS DEPUTADOS, AO MUNICÍPIO, AOS CIDADÃOS!

É cada vez mais difícil morar em Lisboa. Ao longo dos últimos anos assistimos a uma alteração profunda das dinâmicas habitacionais nas áreas metropolitanas do país. Uma drástica subida dos valores do arrendamento de habitação que tem levado à expulsão de população das áreas mais centrais da cidade, em conjunção com uma queda abrupta da oferta e com um aumento exponencial dos valores para aquisição de casa própria, tornaram o acesso à habitação em Lisboa privilégio de poucos e direito praticamente inacessível às famílias portuguesas.

Nos últimos três/quatro anos, os preços da habitação para arrendamento aumentaram entre 13% e 36%, e para aquisição subiram até 46%, consoante as zonas da cidade, de que resulta, estima-se, uma taxa de esforço com a habitação situada entre 40% e 60% do rendimento familiar, quando os padrões comuns aconselham uma taxa de esforço até 30%.

Os Signatários, reunidos nesta Carta Aberta expressam a sua profunda preocupação com esta situação, fruto do processo de gentrificação, associado e acelerado pelo pico de projeção internacional e por uma grande intensificação do turismo e do alojamento para fins turísticos que Lisboa atravessa, com a consequente pressão e especulação fundiária e imobiliária.

Consideram que para este processo tem contribuído decisivamente a intervenção do Estado, pelo desenho e uso de instrumentos legais e financeiros destinados ao apoio do investimento privado no mercado imobiliário, em particular a “Lei do Arrendamento”, a “Lei dos Residentes Não Habituais” e dos “Visa Gold”.

O Novo Regime de Arrendamento, promulgado em 2012, imposto pela Troika e subordinado aos interesses da propriedade, veio liberalizar ainda mais o arrendamento, aumentar o poder dos senhorios, atualizar excessivamente as rendas e facilitar os despejos, levando à expulsão de muitos habitantes e ao encerramento de atividades económicas, sociais e culturais.

O “Regime Fiscal para Residentes Não Habituais” e o “Golden Visa Portugal” (Visto de Residência para os chamados Investidores) por sua vez, contribuíram significativamente para a intensificação da especulação imobiliária. O primeiro é destinado a cidadãos europeus comunitários com capacidade económica elevada. O segundo é destinado a cidadãos de outros países e autoriza-lhes residência para exercerem atividades de investimento, nomeadamente a transferência de capitais, criação de emprego e compra de imóveis. Em ambos os casos beneficia os cidadãos estrangeiros com grandes reduções e mesmo isenções de impostos, introduzindo desigualdade entre estes beneficiados pelas promoções e saldos fiscais e os residentes permanentes, portugueses ou estrangeiros, que não têm quaisquer benefícios fiscais.

Esta subida dos preços da habitação tem ocorrido em quase todo o país. Tal facto já alarmou o Fundo Monetário Internacional que alertou para o risco de nova bolha imobiliária e para mais endividamento público e privado. Sabemos que a Organização das Nações Unidas considera a habitação uma urgência global na luta contra as desigualdades e lançou a Nova Agenda Urbana. A função social da habitação e o direito à habitação, previsto na Constituição e na Lei são, para nós, questões da maior premência.

A nível da cidade de Lisboa a manter-se a oferta insuficiente e a excessiva subida nos preços na habitação – exponenciada no centro histórico e a alastrar por toda a cidade – continuaremos a assistir à perda de população, ao despovoamento, ao decréscimo dos jovens, ao fenecimento de múltiplas comunidades que dão cor e vida à cidade. A prática que está a ser seguida pelo Governo e pelo Município mostra-se contraditória, e mesmo inversa ao discurso oficial, porque não é concordante com as necessidades de uma cidade capital, que se pretende habitada, plural e diversificada, uma cidade para ser vivida por todos e não apenas aceleradamente consumida por alguns.

Os Signatários, reunidos nesta Carta Aberta, expressam a sua profunda preocupação com a atual política habitacional que está a aprofundar as desigualdades socio-territoriais, a expulsar um grande número de famílias para as periferias e a tornar o acesso à habitação nas áreas centrais das cidades um privilégio dos mais ricos, a gerar desequilíbrios urbanos e a potenciar conflitos sociais, que é negativa para o desenvolvimento económico por ser excessivamente dependente da especulação imobiliária e do turismo.

Reconhecemos e não questionamos a importância e o interesse estratégico da Indústria do Turismo para a economia do país e da cidade. Sublinhamos que a atividade turística não pode decorrer de uma situação meramente conjuntural, devendo ser planeada sob uma visão sustentável e integrada. Entendemos que o risco de uma carga turística desregrada, intensa e tendencialmente excessiva, e a exploração intensiva e não planeada de um território, são geradores de insustentabilidade e, a curto prazo, podem mesmo revelar-se destruidores.

Consideramos inadiável que se regre, se controle e se equilibre o uso temporário e de curto prazo da habitação para efeitos turísticos e se apoie e se dinamize o alojamento permanente.

Fazemos notar que noutras cidades, na Europa, nos Estados Unidos e no Canadá, se vivem situações idênticas mas onde os respectivos governantes tomaram já medidas diversas em defesa da vida das cidades e dos cidadãos.

Os Signatários consideram indispensável a adoção urgente de uma política nacional e municipal de habitação que favoreça e dinamize o arrendamento, público e privado, com direitos e deveres, com segurança e estabilidade, incentive a colocação no mercado de propriedades devolutas (incluindo o património do Estado e dos Municípios), estabeleça parcerias diversas com os setores privado e social, crie mecanismos de controlo das rendas através de uma política fiscal adequada tendo em conta a função social do arrendamento e dificulte e impeça os despejos sem assegurar o realojamento dos residentes.

Entendemos que é necessária uma nova política de habitação e de ordenamento do território, uma Lei de Bases da Habitação, uma política fiscal diferenciadora dos vários usos da habitação.

Declaramo-nos empenhados na intervenção cívica, na discussão e elaboração de propostas com vista a uma política pública transparente e colaborativa, acompanhada e participada pelos cidadãos, e a criar uma plataforma com vista a juntar vontades, ideias e dinâmicas.

Consideramos urgente lançar um outro paradigma de desenvolvimento de Lisboa como um território partilhado, socialmente diversificado, dando prioridade ao equilíbrio económico e social, à igualdade e coesão, ao acesso à habitação, à multiplicidade de usos, ao espaço público, à mobilidade, à conservação do património, à promoção da cultura e do desporto, à convivência cívica e à participação cidadã.

Consideramos urgente e imprescindível colocar e manter na primeira linha da agenda política nacional o tema da HABITAÇÃO.
Gentrificação: Processo de valorização imobiliária de uma zona urbana, geralmente acompanhada da deslocação dos residentes com menor poder económico para outro local e da entrada de residentes com maior poder económico.

Janeiro de 2017

 

Os signatários

ORGANIZAÇÕES
Academia Cidadã
ACCL – Associação das Colectividades do Concelho de Lisboa
AIL – Associação dos Inquilinos Lisbonenses, CRL
AMBA – Associação de Moradores do Bairro Alto
APPA – Associação do Património e da População de Alfama
APRUPP – Associação Portuguesa para a Reabilitação Urbana e Defesa do Património
Artéria – Humanizing Arquitecture
Associação Habita – pelo Direito à Habitação e à Cidade
Associação Renovar a Mouraria
Atelier Mob – Arquitectura Design e Urbanismo, Lda.
BADL – Bairros Associação de Desenvolvimento Local
Cooperativa Trabalhar com os 99%, Crl
FAZ – Fundo de Arquitectura Social
FrameColectivo
GAIA – Grupo de Acção e Intervenção Ambiental
GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente
GESTUAL – Grupo de Estudos Sócio-Territoriais, Urbanos e de Acão Local da Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa
Largo Residências
LeftHandRotation
Lusitano Clube
Movimento “Quem vai poder Morar em Lisboa”
Pátio Ambulante
Sociedade Boa União

programação do GAIA em Janeiro – Espalhem a notícia

Programa de Janeiro@GAIA Alfama

14 de Janeiro“Mesoamérica Resiste”, uma aventura grafica – uma historia das nossas lutas

(tem jantar também, 20h)
Dia 17 e 21 de Janeiro Ciclo – ?Cidade para lucrar? | ?Cidade para habitar?

Dia 17 – A transformação da cidade de Lisboa: lucro e exclusão
Jantar (20h) e Projecção de Filme “Terramoturismo”(21h)
Conversa com LHR e APPA

Dia 21 – Estratégias de resistência para o direito à cidade
Conversa com Habitar Porto, LHR, Experências passadas de cooperativas de habitação, entre outras experiências (16h)
Jantar (21h)

Dia 5, 12, 19, 26 de Janeiro – Recicleta – 19h – Se precisares de concertar a tua bicicleta, se tiveres peças de bike, de máquinas, ideias, experiências para partilhar, ou simplesmente se tiveres interesse em participar…