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Nota à Imprensa – GAIA conclui o projecto Erasmus+ JOIN de empoderamento de jovens mulheres rurais

Odemira, 29 de Fevereiro de 2024

A associação ecologista rural GAIA – Grupo de Acção e Intervenção Ambiental encerra neste mês de Fevereiro o projecto internacional Erasmus+ JOIN – Rede Transnacional de Jovens Mulheres para uma Transição Ecológica, Justa e Social. O projecto envolveu três associações ecologistas e de educação ambiental juvenil e um município de quatro países num esforço conjunto de desafiar e apoiar jovens mulheres rurais a aprenderem de forma experiencial sobre a condição ambiental e social do seu território e de criarem propostas de intervenção para apresentar aos municípios respectivos.

Ao longo dos dois anos do projecto, o GAIA organizou cinco oficinas dentro das temáticas do projecto (água e agricultura, biodiversidade, economia circular, e despovoamento), e um encontro internacional de uma semana de imersão em São Luís, acolhido no centro Co.Re. Em cada actividade, mais jovens rurais se foram juntando à equipa do projecto e acabaram por ter a oportunidade de ajudar a co-organizar dois eventos de maior envergadura (o Festival Montras e o Fórum da Água).

Após ter estado na Grécia na reunião de finalização do projecto, o grupo de jovens participantes reuniu-se juntamente com representantes da associação ecologista GAIA com o Executivo do Município de Odemira, no dia 22 de Fevereiro, para apresentar uma série de propostas concretas que visam promover a transição agroecológica (i.e., uma transformação do território nas dimensões social, económica, ecológica, cultural, e ética). Estas propostas são o resultado das reflexões surgidas nas actividades do projecto JOIN em combinação com um extenso trabalho de campo e análise, consolidado no Diagnóstico Rural Participativo (DRP) de Odemira.

Entre as propostas apresentadas, destaca-se o SALSA—Sistema Alimentar Local Sustentável e AgroEcológico, uma iniciativa que visa fortalecer a produção agrícola local, promover práticas agroecológicas e fomentar a economia circular dentro da comunidade. Outras propostas incluem a revitalização de ecossistemas degradados, a implementação de sistemas de gestão de água sustentáveis e o desenvolvimento de programas de educação ambiental focados na valorização da biodiversidade local e recursos comuns, como a água e o solo.

Através do Diagnóstico Rural Participativo, que decorreu paralelamente com o projecto JOIN, foi realizada uma análise e reflexão crítica colaborativa sobre os desafios enfrentados pela região, em particular o conflito entre uma agricultura intensiva de exportação e a aspiração por um sistema agroalimentar sustentável e justo, baseado na pequena e média agricultura. Este processo participativo permitiu identificar soluções criativas mas realistas que atendem às necessidades locais, fortalecendo ao mesmo tempo o compromisso da comunidade com o desenvolvimento rural e preservação dos ecossistemas.

Espera-se que a apresentação destes projetos ao Executivo do Município de Odemira sirva como um ponto de partida para uma reflexão conjunta sobre os resultados do DRP e o planeamento da implementação das propostas. A construção de um futuro mais sustentável e inclusivo para Odemira vai requerer a colaboração de todos os actores alimentares e não só no território, com cooperativas como Regenerativa e TAIPA, agências de desenvolvimento local como a ADL, e iniciativas como Project Earth Odemira e EMPURRA, outro projecto do GAIA (visando conectar jovens com a regeneração rural).

Vê aqui mais informações sobre o Diagnóstico Rural Participativo.

Aqui encontrarás os materiais produzidos no projecto JOIN e uma apresentação das actividades.

Sobre o GAIA
O GAIA é uma associação ecologista rural que trabalha pela justiça ambiental, soberania alimentar e transição agroecológica, promovendo práticas e políticas sãs e justas através da aprendizagem activa, da participação cívica e da capacitação.

www.gaia.org.pt

What would progress look like for the climate justice movement?

Sinan Eden who is working on climate change shares his reflections about  “What would progress look like for the climate justice movement?” , after attending the ” Ecology of Social Movements” course as part of our Erasmus+ project “Accessing Active Citizenship Education for Sustainability”.

Media: https://www.climaximo.pt/2021/10/31/forwards-backwards-sideways-what-would-progress-look-like-for-the-climate-justice-movement-sinan-eden

Projecto Active Citizenship: Manual sobre Resiliência e Justiça Climáticas

No último ano desenvolvemos um projecto de Erasmus+ com o Projecto “Accessing Active Citizenship Education for Sustainability” no âmbito de educação para adultos. Agora podes ter um vislumbre do que se aprendeu nestes cursos com o recente manual “climate justice resilience”. Esta é uma ferramenta disponível a todas as pessoas, em particular educadoras e facilitadoras que queiram aprender novas técnicas!

Conclusão do projecto Erasmus+trAEce – formação profissional em agroecologia para agricultores

O projecto trAEce chegou ao fim dos seus 3 anos de implementação. O GAIA participou sobretudo como mobilizador de conhecimentos sobre a dimensão política da agroecologia e sobre práticas agroecológicas em climas quentes e secos. O projecto criou materiais didácticos disponíveis em https://traece.eu/documents/ que servirão sobretudo as necessidades das organizações da Europa Central participantes no projeto, estando disponíveis, para além da versão em inglês, nas línguas dos seus países.

Para Portugal, estes materiais poderão servir de base ao desenvolvimento de uma formação em agroecologia, a partir da sua tradução e adaptação à realidade portuguesa, algo não previsto durante o decurso do projecto. Entendemos que uma adaptação deverá ser realizada com o envolvimento de organizações que se mobilizam em Portugal pela agricultura familiar, soberania alimentar, agricultura de proximidade, assim como pela economia social e solidária, pela dieta mediterrânica, pelo desenvolvimento rural e também pela formação de adultos, educação-acção e educação permanente.

A participação do GAIA nesta iniciativa potenciou uma grande reflexão sobre: “O que é a Agroecologia?” “Como é que as pessoas agricultoras aprendem?” “Como se organiza o espaço da formação formal para a aprendizagem de um tema sistémico, complexo e específico ao contexto?”

Percebemos que dentro do consórcio trAEce, a posição da organização, fosse enquanto ONG pela justiça ecológica, fosse enquanto instituição académica, e dependendo da existência ou não de ligações à realidade sul-americana ou africana, influenciava o seu entendimento da Agroecologia. Se para o segundo tipo de organização a Agroecologia deve tratar fundamentalmente de “ecologizar” as práticas agrícolas e reverter os impactos ambientais da agricultura industrial, para os primeiros, ela tem o potencial de ser garante do direito a uma alimentação nutricionalmente e culturalmente adequada das populações no seu caminho até à soberania alimentar.

Foi também com este projecto que aprofundamos a nossa discussão sobre a educação agroecológica e levantámos questões às quais gostaríamos de responder, desta vez com parceiros-chave em Portugal. Entre as muitas questões que ficaram em aberto, salientamos:

  • Como facilitar aprendizagens sobre temas sistémicos interdisciplinares complexos com uma estrutura de formação convencionalmente compartimentada (em disciplinas, em módulos temáticos, em números fixos de horas, em salas)?
  • É possível organizar uma formação formal focada no treino das competências, na resolução de problemas concretos e no contexto específico, incorporando visitas de campo, mentoria e comunidades de prática?
  • Como credenciar um novo curso no Catálogo Nacional de Qualificações de forma a que possa ser financiado pelo Estado? 
  • Como influenciar o Estado a desenvolver um sistema público de extensão agrícola / apoio técnico para facilitar a transição agroecológica?

O GAIA encontra-se agora a definir os próximos passos no seu caminho de co-facilitatação das transições necessárias rumo à transformação de uma sociedade sã e justa, considerando os seres humanos e não-humanos.

Caso queiras conhecer mais ou te queiras envolver nesta próxima fase contacta gaia@gaia.org.pt 

Que território é este? Co-construindo o futuro agro-alimentar de Odemira

Sábado, 15 de Outubro em São Luís

No âmbito da iniciativa Diagnóstico Rural Participativo de Odemira temos o prazer de convidar participantes, residentes e amigos/as do agroterritório de Odemira para o encerramento do projecto com apresentação dos resultados do diagnóstico e reflexão dinâmica sobre os possíveis futuros agroalimentares da região.

A sessão dedicada à agricultura em Odemira conta ainda com os testemunhos de pequenos/ pequenas agricultores/ as e é seguida de almoço.

O programa terá lugar no espaço de aprendizagem regenerativa CO.RE em S. Luís com o seguinte horário:

10h – recepção das pessoas

10h30-11h – Testemunhos da pequena agricultura

11h-11h30  – Devolução dos resultados do Diagnóstico Rural Participativo de Odemira 2022

11h30-11h45 – pausa

11h45-13h –Oficina de co-construção do futuro agro-alimentar de Odemira

Estão também convidades para participar no programa da tarde: Caminhada pelas águas de S. Luís com Sérgio e Carmen Maraschin.

Se quiser participar, por favor inscreva-se AQUI

“Que Território é este?” Encontro para uma caracterização do meio rural de Odemira.

18 de Junho, espaço C.A.R.M.E.N.

Ribeira da Azenha, CP 668, 7645-065, Vila Nova de Milfontes

Esta oficina no âmbito do Diagnóstico Rural Participativo de Odemira é promovido pela associação GAIA com apoio de investigadoras do ICS-ULisboa e destinado a pessoas residentes / activas no território, com destaque para produtores agrícolas e alimentares, representantes do governo local, cooperativas e associações. Tem como finalidade responder às seguintes perguntas:

  • Como evoluiu a paisagem e a presença humana da pré-história até hoje?
  • Como se pode caracterizar a agricultura em Odemira?
  • Quais são os principais desafios para a agricultura em Odemira?
  • O que causa e quais as consequências dos principais problemas encontrados?

Programa

9h00-10h00 > Recepção dos/as convidados/as (mesa permanente de refrescos)

10h00 – 10h20 > Boas-vindas

10h20-12h05 > A paisagem e a presença humana no território de Odemira: desenho colectivo de uma evolução

12h15-13h15 > Conversas à mesa: a agricultura que se faz em Odemira

13h15-14h30 > Almoço oferecido no local

14h30-15h25 > Qual é o problema? A escuta dos desafios da produção agrícola em Odemira

15h35-16h30 > A árvore dos problemas: escavar as raízes e olhar os frutos

16h30-17h00 > Plenário final e fecho

Para mais informações contacte lanka@gaia.org.pt ou miguel@gaia.org.pt

Treino de Formação de Formadores em Agroecologia 25-29 Outubro 2021

Na semana de 25 a 29 de Outubro, o GAIA acolheu em Palmela a equipa internacional da iniciativa  ERASMUS +   trAEce https://www.traece.eu/ , projecto que visa  o desenho de um curso de formação profissional em Agroecologia para agricultores. 

Este projecto [2019-2022] é financiado pela Comissão Europeia e pretende facilitar a transição agroecológica indispensável perante as alterações climáticas, a perda de solo, água e da agro-biodiversidade; a concentração de poder, o despovoamento do interior e a pobreza rural; a obesidade ou outras doenças de origem alimentar, a fome e as dietas com base em ultra-processados.

Agroecologia não é só fazer agricultura segundo princípios ecológicos para regenerar os ecossistemas. É sobretudo um modelo de produção e distribuição alimentares com base em relações de justiça e dignidade, numa ruptura com o modelo industrial agro-alimentar e com o sistema económico capitalista que o suporta e vende produtos ao consumidor a baixo preço. 

Durante esta semana docentes e investigadoras universitárias, agricultoras,  formadores e educadores de adultos do trAEce juntaram-se em Portugal a convite da associação GAIA, parceira portuguesa do projecto, numa formação interna para testar as metodologias planeadas para o curso e conhecer casos de boas práticas. 

O programa incluiu sessões de experimentação das técnicas pedagógicas a usar, bem como visitas a locais relevantes para abordar os 6 temas deste curso de iniciação à Agroecologia.

  1. As consequências sociais, económicas e ecológicas do actual modelo agro-industrial bem como os princípios que caracterizam a agroecologia.
  2. As ferramentas que auxiliam a um redesenho das unidades de produção agrícola segundo as éticas e os princípios da Permacultura.
  3. As características de um modelo de negócio sustentável e como o construir.
  4. As práticas agrícolas ecológicas, como as hortas para mercado na pequena agricultura (market gardening), a agrofloresta (sintrópica) e a gestão programada da pecuária integrada nas paisagens em grandes propriedades (maneio holístico).
  5. O marketing e a criação de produtos de valor acrescentado para aumento dos rendimentos.
  6. A integração das unidades de produção nos territórios sociais onde se localizam.

Os membros do grupo, provenientes de países da Europa Central como Hungria, República Checa, Roménia e Áustria observaram,  numa visita ao território de Palmela nos primeiros dias, o contraste entre a monocultura da vinha e os solos nus como no deserto, a agrofloresta de sucessão e a captação das águas torrenciais na FINCA EQUILIBRIUM ou a inserção do centro de educação regenerativa BIOVILLA no parque natural da Arrábida. Já a visita do dia seguinte mostrou o exemplo de uma horta altamente produtiva usando princípios regenerativos, com a visita à Horta da Garça, bem como a organização Cooperativa Quinta dos 7 Nomes, em Sintra. 

Os últimos dias passados no MONTE MIMO, em Alvalade do Sado e Herdade do FREIXO DO MEIO, em Montemor-o-Novo, mostraram a Agroecologia numa versão mais completa. Não só consideram a dimensão das práticas agrícolas para a produção alimentar, baseadas no estudo das relações entre os vários elementos do ecossistema, criando um sistema produtivo de horta para mercado dentro de um sistema regenerativo de agrofloresta, em pequena escala no MONTE MIMO e em grande escala no FREIXO DO MEIO, como a dimensão económica pelo uso do modelo de organização do negócio em AMAP/CSA – comunidades que sustentam a agricultura, promovendo a solidariedade entre quem oferece e quem procura o alimento. E consideram também a dimensão social pelo modo como se integram nos territórios onde se situam e contribuem para o bem-estar das populações e o equilíbrio das paisagens, para além dos limites da sua propriedade.

Surgiram discussões evidenciando a complexidade do tema e a necessidade de uma visão sistémica sobre a alimentação. Debateu-se se seriam exemplos de agroecologia a regeneração de solos com base em insumos importados e os circuitos de comercialização longos de produtos dos povos em resistência ao modo de produção capitalista. Ou se ainda temos tempo para a sustentabilidade e se um modelo de negócio regenerativo tem uma linguagem acessível para um uso autónomo pelo agricultor pouco escolarizado. E se o modelo AMAP/CSA é realmente rentável a médio prazo ou se está acessível às famílias com trabalhos precários de baixo rendimento e sem tempo disponível para a partilha das responsabilidades da produção / distribuição / captação de membros.

O Curso de Introdução à Agroecologia para Agricultores encontra-se na fase final da sua elaboração. Irá ser testado na Hungria com empresários agrícolas da agricultura convencional que já decidiram que querem mudar as suas práticas. Os resultados da experiência com estes participantes irá informar a versão final do plano de curso. No caso de interesse em participar numa edição ou de apoiar a organização deste curso em Portugal a partir de Setembro de 2022, envie manifestação de interesse para gaia@gaia.org.pt .

PrimaverAE 2021-17 de Abril: Dia Internacional da Luta Camponesa

Hoje dia 17 de Abril, assinala-se o dia internacional das lutas camponesas, em memória dos 19 trabalhadores rurais sem terra assassinados em plena luz do dia por forças policiais precisamente há 25 anos no estado brasileiro do Pará. Este dia que ficou conhecido como o massacre de Eldorado dos Carajás, marcou o inicio da luta global pelos direitos dos camponeses, pelo acesso à terra e recursos produtivos e pela realização da soberania alimentar. Neste dia relembramos também todas e todos os camponeses/as e trabalhadores/as rurais que em Portugal lutaram pelos seus direitos e foram mortos ou perseguidos às mãos do fascismo. E os que hoje resistem contra os avanços galopantes do capitalismo nos campos. Para assinalar este dia de Primavera Agroecológica, falámos com camponesas e camponeses em zonas de expansão da agricultura industrial, que nos falam dos seus impactos e resistências.